sábado, 24 de janeiro de 2009

Monteiro Lobato - Pai da literatura infantil brasileira

Pai da literatura infantil
brasileira, o autor deixou
muitos livros e saudades

O dia 18 de abril foi dedicado ao livro nacional infantil. Por uma razão simples e significativa: naquele dia nasceu em Taubaté, interior paulista, o maior nome da literatura infantil brasileira: José Bento de Monteiro Lobato.

Monteiro Lobato veio ao mundo em 1882. Com 18 anos, ingressou na faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, começando a participar de grupos e jornais literários. Retornou à sua terra natal aos 22 anos, logo após diplomar-se. Foi nomeado promotor público de Areias, interior paulista, onde se dedicou também a traduções.

É muito difícil encontrar um brasileiro que não tenha ao menos ouvido falar em Monteiro Lobato, ou que não tenha acompanhado pela televisão alguns inesquecíveis capítulos de OSítio do Picapau Amarelo. A história narra as travessuras da Narizinho, seu irmão Pedrinho, Visconde de Sabugosa, dona Benta, tia Anastácia e Emília, a boneca de pano que era uma personificação perfeita de seu criador.

A extensa obra de Lobato representa o seu amor pelo Brasil e os bons motivos que o levaram a tornar-se um homem público, ferrenho inimigo dos maus políticos. A carta endereçada ao presidente Getúlio Vargas, insistindo no fato de que o Brasil tinha petróleo e que os benefícios de sua industrialização e comércio deveriam ser revertidos em melhorias ao povo brasileiro, causou-lhe perseguições implacáveis por parte do governo.

A briga pelo petróleo foi dolorosa para o escritor. Getúlio Vargas não acreditou e mandou prender Lobato. No cárcere, o pai de Narizinho recebeu a solidariedade de centenas de pessoas que vinham visitálo e dizer-lhe que foi uma injustiça a
sua reclusão.

O universo infantil
Bárbara Vasconcelos de Carvalho enfatiza que a obra de Lobato é a mais abrangente, original e rica da literatura infanto-juvenil brasileira. A estudiosa derruba a muralha da parcialidade, tão sugestiva na opinião de alguns teóricos.

Segundo ela, Lobato não teria feito uma perfeita fusão entre pedagogia e fantasia e muito menos recriava seus contos a partir da obra de outros autores, como acusaram alguns críticos. Ele teria, sim, inventado todo um universo para os pequenos, tendo em vista que sua inspiração foi a própria criança, sua vivência, seus sonhos e seus brinquedos.

O DONO DO SÍTIO

O leitor mirim tinha toda liberdade para ser criança. O Sítio do Picapau Amarelo era cenário da brincadeira e do aprendizado, da beleza e da poesia, temperado com uma atmosfera mítica e real de um mundo exclusivo e colorido feito para o encanto próprio das crianças.

O “ofensor” na obra lobatiana é a estupidez, o desconhecimento, contra os quais as personagens do sítio lutam em conjunto com o intuito de alcançar os bons valores que poderão ser conquistados pelos perseverantes e destemidos, haja vista que a infância não é “uma fase de estágio mental, mas uma inteligência em desenvolvimento”. A obra de Lobato motiva as crianças à pesquisa, ao conhecimento, à curiosidade, que são canais de desenvolvimento mental.

Lobato não subestimou a capacidade delas, nem as empurrou para o desinteresse. A obra lobatiana remete a criança à auto-realização, dando a oportunidade de descobrir por si só o significado das palavras (consultando o dicionário) e a pesquisar em livros de História as personagens tão marcantes que visitaram o sítio.

No dia 4 de julho de 1948, um acidente vascular cerebral fez o
Brasil chorar a morte desse escritor que dedicou sua vida à literatura infantil. Milhares de pessoas estiveram no cemitério da Consolação para dar adeus ao criador de O Sítio do Picapau Amarelo.

A estrela maior da literatura infanto-juvenil tem seu posto cativo no coração de cada criança que “mora” dentro de nós. Que o tempo não furte a magia e a beleza da sua obra, tão próxima dos nossos mais nobres sonhos.

Andersen Medeiros é escritor, professor e coordenador do projeto cultural ônibusbiblioteca Casa de Anani, da Secretaria de Desenvolvimento da Educação do município de Ananindeua (PA).

Revista Discutindo Literatura

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