domingo, 27 de setembro de 2009

Novo soneto de Paris



Uma folha caída na avenida.
É assim que se extingue um amanhã.
Paris me diz que toda vida é vã,
a branca estrela da estação perdida.

A ti, folha de plátano caída
no chão dourado da plúmbea manhã,
um frio de outono que nenhuma lã
vai proteger da morte prometida,

a ti dedico os passos derradeiros
que me afastam da vida quando passo
sob as árvores da longa alameda.

Entre a noite indolente e os sóis primeiros
cai a folha do amor, e cai no espaço
do dia breve. E a morte é muda e leda.


Lêdo Ivo

Academia Brasileira de Letras - Revista Brasileira

Nenhum comentário:

Postar um comentário